IFRS 9: entenda o padrão contábil e seus impactos nas instituições

IFRS 9 é o padrão contábil internacional que define como ativos financeiros devem ser classificados, mensurados e provisionados nas demonstrações financeiras.
Criado para substituir o IAS 39, o IFRS 9 introduz o conceito de perdas esperadas (Expected Credit Loss — ECL), mudando significativamente a forma como as instituições calculam e reconhecem riscos de crédito.
A norma impacta bancos, seguradoras e outras instituições financeiras, exigindo maior rigor na mensuração de risco, transparência contábil e uso de dados. Seu objetivo é antecipar perdas e tornar as demonstrações mais realistas, especialmente em cenários sensíveis.
Continue a leitura para entender os pilares do IFRS 9, suas implicações práticas e como soluções como o Secure Journey da Topaz ajudam instituições a garantir aderência regulatória, integridade dos dados e automação inteligente dos processos.
Por que o IFRS 9 foi criado?
A norma IFRS 9 surgiu como resposta direta à crise financeira global de 2008, que expôs falhas graves nos modelos contábeis da época.
A então vigente IAS 39 foi considerada lenta e ineficaz para refletir o risco real de instrumentos financeiros nas perdas de crédito.
Durante a crise, perdas relevantes foram reconhecidas com atraso, agravando a instabilidade do sistema financeiro. Para corrigir, o novo padrão introduziu o conceito de ECL, permitindo que instituições antecipem riscos e tomem decisões mais realistas.
A implementação do IFRS 9 foi realizada em fases e concluída em 2018, substituindo a IAS 39. No Brasil, a norma é aplicada por meio do CPC 48 emitido pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, alinhando as regras às determinações internacionais.
Embora afete diretamente o setor financeiro, o IFRS 9 não se limita a bancos ou seguradoras. Empresas de todos os setores que possuem instrumentos financeiros, como empréstimos, estão sujeitas à norma.
Por que a IAS 39 precisava ser substituída?
Durante a crise de 2008, a IAS 39 mostrou que não estava à altura da complexidade e velocidade do mercado financeiro. Suas falhas não eram só técnicas, elas expunham riscos reais.
Veja alguns fatores que motivaram essa norma ser substituída:
- reconhecimento tardio de perdas — adotava o modelo de perda incorrida, o que adiou o registro de prejuízos até que fossem praticamente inevitáveis;
- classificação confusa — usava múltiplas categorias para ativos financeiros, dificultando a leitura e a comparação entre empresas;
- complexidade excessiva — sua aplicação prática era difícil, gerando dúvidas recorrentes e interpretações divergentes;
- desalinhamento com a realidade — não refletia as práticas modernas de gestão de risco e expunha instituições e fragilidades contábeis graves.
A IAS 39 ficou obsoleta diante de um mercado que exige previsibilidade, transparência e resposta rápida.
Principais pilares do IFRS 9
Os impactos do IFRS 9 transformaram a forma como os ativos financeiros são tratados nas demonstrações financeiras, redesenhando a lógica contábil, aumentando a transparência e aproximando o compliance da realidade do risco.
Conheça quais são os três pilares do IFRS 9.
- Classificação e mensuração: os ativos financeiros são classificados em três categorias (custo amortizado, valor justo por meio de outros resultados abrangentes — VJORA — e valor justo por meio de resultado — VJR). A escolha depende do modelo de negócios e das características dos fluxos de caixa do ativo;
- Modelo de perdas esperadas (ECL): diferentemente do modelo antigo, o ECL antecipa riscos ao considerar perdas esperadas ao longo da vida do ativo e não apenas quando há evidência de perda. Ele incorpora cenários econômicos e níveis de risco em três estágios, exigindo decisões baseadas em dados e projeções;
- Contabilidade de hedge: a nova abordagem de contabilidade de hedge é mais flexível e alinhada à gestão real de riscos das instituições. Ela reduz distorções contábeis, simplifica análises e torna a proteção mais eficaz e fiel à estratégia da empresa.
Com esses pilares, o IFRS 9 força instituições a olharem para o risco com inteligência, agilidade e visão de futuro.
Como funciona o modelo de perdas esperadas (ECL)?
O IFRS 9 substituiu o antigo modelo de impairment por uma abordagem mais preventiva: a perda de crédito esperada (ECL).
O novo modelo considera riscos desde o primeiro momento e se adapta conforme a perda do crédito.
- Performing: ativos com risco de crédito normal. A provisão de perdas é calculada com base nas perdas esperadas nos próximos 12 meses;
- Underperforming: quando há aumento significativo no risco de crédito, o cálculo passa a considerar as perdas esperadas durante toda a vida do ativo;
- Non-performing: ativos com evidência objetiva de perda de crédito. Aqui, o risco já se concretizou e o impacto é provisionado.
Esse modelo exige dados históricos, informações atuais e projeções futuras, tornando a gestão de risco mais inteligente e estratégica.
Impactos do IFRS 9 nas instituições financeiras
O IFRS 9 elevou o padrão e a exigência para bancos e outros players de mercado. A nova lógica de mensuração de risco de crédito exige tecnologia, dados de qualidade e agilidade.
- Mudança nos sistemas de risco: é preciso revisar processos para refletir corretamente o novo modelo de perdas esperadas;
- Exigência de dados consistentes: o cálculo do ECL demanda bases históricas robustas, dados atuais confiáveis e projeções econômicas bem modeladas;
- Necessidade de modelagem avançada: a adoção de algoritmos estatísticos, Machine Learning e simulações de cenários se torna essencial;
- Alinhamento regulatório: o padrão impõe maior integração com exigências de auditorias, órgãos reguladores e normas locais como o Bacen. A Topaz para bancos pode apoiar esse processo na sua instituição, com automação e compliance ativo.
Na prática, o IFRS 9 exige instituições mais conectadas com seus dados e preparadas para decisões rápidas e embasadas. Não é apenas contabilidade, é estratégia em tempo real.
A reforma das taxas de juros de referência e seu impacto na IFRS 9
A reforma LIBOR marca uma das transições mais importantes do mercado financeiro nos últimos tempos e suas implicações ultrapassam os contratos: impactam diretamente a contabilidade, a gestão de riscos e a aderência regulatória exigida pelo IFRS 9.
Com escândalos e manipulações envolvendo a LIBOR, em que grandes instituições financeiras conspiraram para manipular a Taxa Intercambiaria de Oferta de Londres, o que fez com que a taxa fosse descontinuada em fases: os prazos mais curtos em dólar encerraram em 2021 e o restante até junho de 2023.
No lugar, surgiram benchmarks como SOFR (EUA), SONIA (Reino Unido) e ESTR (Europa).
Essas novas taxas, chamada de Risk-Free Rates (RFRs), trazem mais transparência para o mercado. A transição impacta contratos com vencimento pós-LIBOR, exigindo ajustes contábeis, novos cálculos de juros e revisão da contabilidade de hedge conforme o IFRS 9.
As instituições que ainda não se adaptaram à nova realidade precisam agir rápido. A reforma LIBOR traz um cenário de modernização dos processos contábeis e de risco. E, nesse contexto, quem contar com tecnologia ágil e compliance automatizado tem mais vantagens.
Desafios na adoção e manutenção da conformidade com IFRS 9
Adotar o IFRS 9 pode ser uma exigência regulatória, mas é também um divisor de águas para a gestão de risco e a inteligência contábil nas instituições.
Mas com inovação, vêm desafios complexos. Confira os principais obstáculos desse contexto que exigem atenção:
- cálculo da perda de crédito esperada — exige modelos mais sofisticados, cenários econômicos e alta precisão estatística;
- atualização contínua de dados — o provisionamento depende de informações históricas, atuais e futuras em tempo real;
- integração de fontes e sistemas — conectar áreas como risco, crédito, contabilidade e compliance não deve ser subestimado;
- teste SPPI e classificação de ativos — novos critérios exigem julgamentos mais técnicos e alinhados ao modelo de negócio;
- mensuração a valor justo — muitos ativos não possuem preços claros, o que dificulta a apuração confiável;
- auditorias mais exigentes — as projeções precisam ser auditáveis e sustentadas por dados concretos.
Melhores práticas para adequação à IFRS 9
A adequação ao IFRS 9 trata-se de uma transformação profunda na forma como as instituições lidam com riscos, o que vai além de ajustes pontuais.
Superar os desafios passa por adotar uma abordagem estruturada, investir em tecnologia e capacitar equipes.
Abordagem multidisciplinar e estruturada
O processo de implementação começa com a criação de um comitê multidisciplinar que envolva especialistas de contabilidade, finanças, risco, tecnologia e áreas de negócio. Essa integração é essencial para garantir alinhamento técnico e estratégico.
O projeto deve seguir etapas claras: mapeamento de impactos, definição de políticas, modelagem de perdas esperadas, validação, testes e operação. O apoio da liderança é decisivo para acelerar esse processo.
Investimento em tecnologia e dados
Soluções específicas ou adaptações nos sistemas legados são importantes para atender aos requisitos da norma, especialmente em cálculos de custo amortizado, perdas esperadas e mensuração de valor justo.
A qualidade dos dados é o coração da conformidade: sem integração entre áreas e consistência das bases, o risco de erro aumenta consideravelmente.
A automação, quando bem implementada, reduz falhas humanas e garante eficiência mesmo em instituições com operações complexas.
Capacitação contínua e documentação robusta
A norma impõe um novo nível de especialização técnica. É indispensável investir em treinamentos para todos os estágios da organização, do analista ao diretor. Modelos e políticas precisam ser documentados de forma auditável, respeitando a regulação.
Monitoramento e ajustes contínuos também fazem parte da jornada. E o benchmarking com players do setor pode acelerar aprendizados e aumentar a performance.
Como a Secure Journey da Topaz apoia a conformidade com IFRS 9?
A conformidade com o IFRS 9 pede precisão nos dados e controle automatizado. A Topaz entrega essa confiança com soluções desenvolvidas para ambientes regulatórios exigentes e operações complexas.
A família SecureJourney atua com ofertas que garantem segurança a sua instituição, com uma suíte modular baseada em Inteligência Artificial e Machine Learning para aumentar a eficiência de controles internos.
Por meio da nossa oferta de Prevenção e Combate à Fraude, você tem acesso ao nosso ecossistema de inteligência conectado e colaborativo. Com ele, sua instituição consegue prevenir riscos, reduzir perdas e elevar seu padrão de segurança, além de estar sempre em conformidade regulatória.
Com a Topaz, sua jornada rumo à conformidade IFRS 9 é mais segura e eficiente, pronta para atender padrões globais com o equilíbrio ideal entre inteligência e performance.
IFRS 9 no Brasil: atualizações e exigências locais
No Brasil, a adoção do IFRS 9 foi oficializada pela Resolução CMN n.º 4.966, que alinha os critérios contábeis de instrumentos financeiros à norma internacional.
Segundo nota do Banco Central, a regulamentação, aprovada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e operacionalizada pelo Bacen, exige a aplicação obrigatória desde 1º de janeiro de 2025 para todas as instituições autorizadas a funcionar pelo BC.
O cronograma de transição, estabelecido também pela Resolução BSB n.º 352, permitirá um ajuste gradual no capital regulatório até 2028, conforme as diretrizes do Comitê de Basileia.
A medida visa garantir aderência às normas do IFRS 9, fortalecer a contabilidade de hedge e aumentar a qualidade das demonstrações financeiras brasileiras em relação ao padrão global.


Fintechs são empresas de tecnologia financeira que utilizam inovação para oferecer serviços financeiros de forma ágil, acessível e digital. Elas atuam por meio de plataformas online, criando novos modelos de negócio e transformando a forma de lidar com o dinheiro.

A lavagem de dinheiro consiste na prática de disfarçar a origem ilícita de valores obtidos por meio de atividades criminosas, inserindo-os na economia formal. As 3 fases da lavagem de dinheiro são: colocação, ocultação e integração.


IFRS 9 é o padrão contábil internacional que define como ativos financeiros devem ser classificados, mensurados e provisionados nas demonstrações financeiras.
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