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Prevenção à lavagem de dinheiro: o que é e como implementar

Escrito por Catalina Arango | Jun 24, 2025 9:14:00 PM

Prevenção à lavagem de dinheiro (PLD) é o conjunto de práticas, controles e tecnologias usados para impedir que recursos de origem criminosa sejam inseridos no sistema financeiro como se fossem legalizados.

Mais do que uma medida de proteção, a PLD é uma exigência regulatória essencial, exigida por órgãos como o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), Banco Central e acordos internacionais, como Basileia III e FATF (GAFI). Seu papel é proteger o mercado e combater atividades ilícitas globalmente.

A seguir, você entenderá melhore o conceito da PLD, a legislação por trás e como implementar um programa robusto que garanta mais segurança ao seu negócio.

O que caracteriza o crime de lavagem de dinheiro?

Como um conjunto de operações que visam ocultar a origem ilícita de recursos financeiros, o crime de lavagem de dinheiro costuma ocorrer em três etapas principais:

  • colocação momento em que o dinheiro de origem ilícita entra no sistema financeiro, geralmente por meio de depósitos fracionados, compras de bens de alto valor, empresas de fachada ou com o uso de “laranjas”, por exemplo;
  • ocultação os criminosos dificultam o rastreamento da origem do dinheiro, realizando transferências entre contas, criando empresas fictícias ou fazendo investimos de difícil rastreabilidade;
  • integração o dinheiro retorna ao mercado com a aparência de legalidade, muitas vezes por meio de investimentos em imóveis, empresas, obras de arte, artigos de luxo ou atividades comerciais aparentemente legítimas.

Essas fases podem ocorrer em sequência ou interseccionadas, e a sofisticação dos métodos exige monitoramento contínuo por parte das instituições.

Qual é a importância da prevenção à lavagem de dinheiro?

A lavagem de dinheiro financia uma cadeia de crimes que inclui corrupção, tráfico de drogas, terrorismo e exploração humana. Seu impacto vai além do setor financeiro e afeta a economia diretamente, enfraquecendo instituições e aumentando desigualdades sociais.

A PLD protege não apenas a integridade do sistema financeiro, mas também a reputação das empresas relacionadas. Instituições que falham em prevenir ou reportar movimentações suspeitas estão sujeitas a sanções severas, multas e perdas de confiança do mercado.

Muito além de ser apenas uma obrigação legal, prevenir a lavagem de dinheiro também significa bloquear, rastrear e reportar transações que possam estar ligadas a atividades criminosas, atuando ativamente na preservação da segurança na economia.

Marco regulatório da prevenção à lavagem de dinheiro no Brasil

A Lei 9.613/98 é a base legal da prevenção à lavagem de dinheiro no Brasil e estabelece diretrizes para identificar, prevenir e sancionar operações com recursos ilícitos. A norma foi fortalecida pela Lei 12.683/2012, que ampliou o alcance legal.

O COAF atua como centro de inteligência financeira, responsável por receber, analisar e comunicar movimentações suspeitas para as autoridades responsáveis.

A legislação obriga setores como bancos, corretoras, seguradoras, imobiliárias, joalherias, escritórios de contabilidade, entre outros, a adotar controles rígidos de identificação de clientes, monitoramento de transações e comunicações de operações suspeitas.

O descumprimento da legislação pode resultar em multas, sanções administrativas e implicações criminais para os responsáveis.

Como funciona a política de PLD nas instituições financeiras?

As instituições financeiras devem adotar políticas internas de PLD que combinem tecnologia, processos e cultura organizacional. Abaixo, você confere os principais pilares que formam uma política eficaz.

  • Know Your Costumer: o KYC é o processo de validação da identidade do cliente desde o primeiro contato. Ele inclui coleta de dados, verificação de documentos, prova de vida e análise de comportamento para garantir a legitimidade;
  • Análise de perfil de risco: classificação dos clientes com base em fatores como origem de recursos, área de atuação, volume de transações e exposição a riscos legais ou de reputação. Essa análise determina a necessidade de monitoramento;
  • Monitoramento das transações: acompanhamento em tempo real das movimentações financeiras do cliente para encontrar padrões suspeitos, operações fraudulentas ou transações incompatíveis com o perfil do usuário;
  • Registro e comunicação de operações suspeitas: toda operação considerada suspeita deve ser registrada e comunicada ao COAF nos prazos legais, com documentação completa para auditoria e investigação;
  • Treinamento de equipes e cultura: é preciso promover treinamentos periódicos, alinhamento com normas vigentes e desenvolvimento de uma cultura ética, onde todos os colaboradores saibam seu papel no combate a crimes financeiros.

Quais ferramentas e tecnologias ajudam na prevenção à lavagem de dinheiro?

Em um contexto onde os crimes financeiros evoluem com a tecnologia, confiar somente nos processos manuais não é suficiente. O avanço tecnológico tem papel decisivo na PLD, trazendo novidade, precisão e inteligência para os processos. 

Conheça algumas das soluções que estão transformando a forma que as instituições enfrentam esse desafio:

  • sistemas antifraude com alertas inteligentes identificam movimentações atípicas em tempo real, analisando padrões de comportamento que fogem do usual e sinalizando o risco antes que ele vire prejuízo;
  • KYC digital com biometria facial e prova de vida verifica a identidade do cliente de forma segura e rápida, integrando reconhecimento facial, leitura de documentos e validação em tempo real;
  • integração com listas restritivas nacionais e internacionais cruzam dados automaticamente com bases como COAF, PEPs e ONU, bloqueando relações de risco;
  • inteligência artificial aplicada à análise de risco aprende com histórico de comportamentos e detecta padrões sutis que indicam possíveis esquemas de lavagem de dinheiro, antes mesmo que eles aconteçam.

Com isso, mais do que atender às normas, essas tecnologias colocam as instituições um passo à frente no mercado.

Como implementar um programa de prevenção à lavagem de dinheiro?

Para criar um programa de PLD, é preciso mais do que seguir normas, é necessário estruturar processos claros, treinar equipes e avaliar os riscos.

Desenvolvimento de políticas e procedimentos

Uma política eficaz de PLD começa com diretrizes bem definidas e adaptadas à realidade da instituição. Ela deve refletir o compromisso com a segurança e detalhar as responsabilidades de cada parte envolvida. 

Veja os elementos essenciais que não podem faltar em procedimentos internos:

  • identificação e verificação de clientes estabelece regras claras para onboarding e validação de identidade;
  • classificação do perfil de risco define critérios para segmentar clientes com base em seu grau de exposição;
  • monitoramento contínuo de transações determina como e com que frequência as movimentações são analisadas;
  • reporte de operações suspeitas orienta como identificar, registrar e comunicar transações atípicas;
  • plano de resposta a incidentes organiza as ações internas diante de suspeitas ou falhas na operação;
  • cronograma de revisões e atualizações garante que os documentos estejam sempre alinhados às leis.

Vale ressaltar que essas diretrizes devem ser objetivas, acessíveis e aplicáveis no dia a dia, para então fortalecer a cultura de prevenção à lavagem de dinheiro.

Treinamento e conscientização

O sucesso de um programa de PLD depende de treinamentos e conscientização da equipe

Os treinamentos devem acontecer com frequência e abordar temas como identificação de comportamentos suspeitos, uso das ferramentas de monitoramento, boas práticas de reporte e noções de compliance anticorrupção.

No caso de áreas mais expostas, como atendimento e análise de crédito, as capacitações devem ser específicas e sempre atualizadas. 

Por fim, promover uma cultura que valorize a ética e a prevenção como parte do dia a dia reforça o compromisso da empresa com a legalidade.

Due diligence de terceiros

Aplicar due diligence em fornecedores, parceiros e prestadores de serviço é medida importante na hora de evitar vínculos com empresas envolvidas em atividades ilícitas.

Esse processo inclui checagem de CNPJ, análise de reputação, presença em listas restritivas e avaliação de vínculos com Pessoas Expostas Politicamente (PEPs). 

Quanto maior o risco da relação, mais profunda deve ser a verificação, desde consultas básicas até auditorias completas.

Quais são os principais desafios na implementação de uma política de PLD?

Mesmo com tecnologia e legislação avançadas, implementar uma boa política de PLD exige superar obstáculos que vão além do cumprimento legal.

  • Volume e complexidade de transações: altas quantidades de operações dificultam o monitoramento em tempo real e aumentam o risco de falhas;
  • Dificuldade de integração entre áreas: falta de alinhamento entre compliance, tecnologia da informação, jurídico e risco, por exemplo, pode comprometer as ações;
  • Manutenção da atualização regulatória: as normas mudam com frequência, é preciso revisão constante de políticas;
  • Prevenção sem comprometer a experiência do cliente: garantir segurança sem gerar obstáculos ou burocracia no atendimento ainda é um desafio;
  • Falta de cultura organizacional sobre o tema: sem engajamento de equipes, a PLD se torna só um documento e não uma prática.

Garantir uma PLD efetiva também é enfrentar esses desafios com estratégia. Isso é o que diferencia instituições preparadas das vulneráveis.

Como a Topaz apoia instituições financeiras na prevenção à lavagem de dinheiro?

Por meio do SecureJourney, nossa suite modular de prevenção contra fraude e lavagem de dinheiro, é possível unificar KYC onboarding, análise de transações em tempo real, através de Inteligência Artifical e Machine Learning, e alertas automatizados em uma única plataforma.

Com compliance integrado às exigências do Bacen, COAF e padrões internacionais, a Topaz garante conformidade regulatória sem burocracia. Nossas soluções se integram facilmente a sistemas de core bancário, antifraude e open finance para uma maior fluidez operacional.

Além disso, inteligência preditiva, dashboards auditáveis e alta flexibilidade permitem tomar decisões rápidas, com total rastreabilidade e menor time to market. Tudo isso com a robustez que mais de 90% do mercado financeiro brasileiro já confia.

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